Vale Tudo’ foi um dos maiores sucessos da televisão brasileira. Na novela, personagens dúbios faziam tudo por dinheiro e pela ascensão social. A música de abertura, ‘Brasil’, de Cazuza, na voz da cantora Gal Costa já dava o tom de um País às voltas com a inversão de valores e a exclusão ainda nos anos 80. Fato é, que o trabalho de Moisés Patrício, a partir de seu gesto recorrente de nos oferecer com sua mão direita aberta instrumentos geradores de possibilidades, procura estabelecer novas formas de discussão para velhas questões. As imagens de Patrício não são fáceis. O jogo de baralho, tão popular, nos coloca de volta a uma tormentosa e violenta situação “Alea jacta est”. A partir de um “jogo” semântico, entre o nome da marca dos baralhos, Vale Tudo, podemos estabelecer uma conexão entre o momento atual e aquele no qual Julius Cesar imperador romano, diante da total incerteza do resultado, mas, assumindo a irresponsabilidade de suas decisões políticas, proferiu a emblemática frase em latim: nossa sorte está lançada! A bandeira nacional puxada da caixa ao acaso, nos leva realmente a relembrar aquela canção que parece costurar o passado e o presente de maneira brilhante: “Não me convidaram pra essa festa pobre. Que os homens armaram pra me convencer. A pagar sem ver toda essa droga. Que já vem malhada antes de eu nascer. Não me ofereceram nenhum cigarro. Fiquei na porta estacionando os carros. Não me elegeram chefe de nada. O meu cartão de crédito é uma navalha. Brasil, mostra a tua cara. Quero ver quem paga pra gente ficar assim. Brasil, qual é teu negócio. O nome do teu sócio. Confia em mim.” -Trecho de ‘Brasil’ de Cazuza. (Aceita?.2020) #perpetuas #moisespatricio
Texto: Wagner Nardy - Curador |
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